RX Brasileiro
Cientistas da USP e do Instituto Atlântico desenvolvem protótipo de equipamento para exames de raios X digital com tecnologia 100% nacional
O Brasil desenvolveu o seu primeiro protótipo de equipamento para exames radiológicos. A máquina é um scanner com tecnologia digital que serve para fazer radiografias odontológicas.
A meta da equipe responsável pelo projeto é estudar formas de reduzir entre 50 e 80% a emissão de raios X por esses equipamentos durante o exame. Além disso, aposentar de vez a tecnologia analógica que ainda é usada em grande parte do país.
“A radiologia digital está só começando. Sabemos que já há uma demanda enorme por essa tecnologia no Brasil e que as placas radiográficas utilizadas hoje para a realização de exames com raios X entrarão em desuso. Por isso, pretendemos auxiliar o sistema de saúde do país a realizar a substituição tecnológica”, disse Vanderlei Bagnato, professor do IFSC e coordenador do Cepof.
O protótipo do scanner lê e digitaliza imagens de raios X obtidas por meio de placas constituídas por sais de terras raras, entre outros materiais. Ao incidir raios X sobre essas placas, as cargas eletrônicas das moléculas das substâncias que compõem o material são excitadas e entram em um estado energético chamado metaestável (diferente de seu estado de equilíbrio).
O mecanismo gera radiografias de altíssima resolução, que podem ser armazenadas ou enviadas pela internet.
As pesquisas foram desenvolvidas por pesquisadores do Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (Cepof) do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Atlântico, de Fortaleza (CE).
“A radiologia digital permite fazer quase uma microscopia com raios X por meio de imagens com resolução praticamente em nível molecular”, disse Bagnato à Agência FAPESP. “Tudo depende de quão finamente conseguimos focalizar o laser de leitura.”
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) identificou que há uma necessidade de o país investir na tecnologia de raios X digital e aprovou, por meio do Fundo Tecnológico (Funtec), o desenvolvimento de um scanner leitor e das demais partes do equipamento.
“O raio X digital precisa ter uma fonte de raios X, o que o Brasil já sabe fazer e relativamente bem. Seria preciso desenvolver, então, o leitor a laser”, disse Bagnato.
O próximo passo agora, depois da conclusão do protótipo, é transformar o equipamento em um modelo comercializável.
A meta dos pesquisadores também é desenvolver nos próximos anos outras versões do equipamento voltadas para a radiografia em ortopedia e do tórax.
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Por: Elton Alisson/Agência Fapesp, com adaptações
Fonte: www.conter.gov.br