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O Governo do Distrito Federal quer dobrar o número de atendimentos a pacientes com câncer no Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) da Universidade de Brasília (UnB). A ideia é usar um novo acelerador linear doado ao Hospital Universitário (HUB) para fazer atendimentos à noite. O equipamento veio do hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, por orientação de Paulo Hoff, ex-aluno da Faculdade de Medicina da UnB e médico do ex-vice-presidente José Alencar.
Na próxima semana, o governador do DF Agnelo Queiroz e o secretário de Saúde do DF Rafael Barbosa devem reunir-se com a direção do centro e do HUB para verificar o que é necessário para aumentar o atendimento.
O professor João Batista de Sousa, vice-reitor da UnB, diz que, para atender à demanda do GDF, o hospital necessita de mais recursos financeiros para contratação de mais médicos. “Temos que dobrar o orçamento mensal do HUB, que o GDF pede para o Ministério da Saúde. Dessa forma, poderemos contribuir ainda mais com o governo”, disse o vice-reitor. Atualmente, o teto do orçamento é de R$ 2,7 milhões por mês.
Segundo o diretor do Cacon, João Nunes, é preciso contratar, ao menos, um farmacêutico, dois médicos e um enfermeiro. Porém, o Governo do Distrito Federal enfrenta o mesmo problema: não pode mais contratar profissionais de saúde com ensino superior, com exceção de médicos e cirurgiões-dentistas, por meio de concurso público. “Podemos até realizar concurso, mas não podemos contratar. Para isso, é preciso ter o quadro previsto, mas o quadro da rede está completo”, explicou à UnB Agência o governador Agnelo Queiroz.
Segundo Agnelo, para mudar a situação é preciso aprovar na Câmara Legislativa um projeto de lei que altere a composição do quadro de pessoal. “Esse é um problema sério e grave que não nos foi repassado durante a transição. Isso é uma prova da falta de gestão que vivemos na saúde do DF. A crise maior é de recursos humanos e não podemos contratar”, disse o governador.
O secretário de Saúde afirma que vai buscar alternativas para disponibilizar os profissionais necessários para o atendimento de pacientes com câncer no DF. “Queremos que o HUB assuma essa área e a gente resolva o grande drama desses atendimentos no DF”, afirma Rafael Barbosa.
O diretor do Cacon acredita que, para implementar o atendimento noturno no centro, é preciso contratar profissionais por meio de instituições privadas com interesse público. “É preciso contratar com mais facilidade e poder mandar embora quem não trabalha. O Cacon precisa de autonomia financeira e administrativa. A gente tem que dar um choque de gestão”, disse João Nunes.
OBRA – Para que o novo aparelho funcione, será preciso construir um bunker – espaço construído para que as altas radiações emitidas pelo aparelho sejam contidas – no centro. “Essa construção vai ser custeada por uma emenda parlamentar”, garantiu o secretário. A construção deve custar R$ 1 milhão. A nova máquina usa radiação para destruir células cancerígenas.
A UnB quer usar o equipamento como reserva. “Temos um aparelho do mesmo modelo. Queremos garantir que não ficaremos parados se um deles apresentar qualquer tipo de problema”, disse o vice-reitor. Segundo ele, o atendimento noturno não depende do aparelho. O maior entrave para o funcionamento do terceiro turno é o número de profissionais. “Para haver mais atendimentos, é preciso vontade política”, disse.
Hoje, o Cacon atende uma média de 30 pacientes por dia. Com terceiro turno, esse número pode dobrar.
Fonte: Conter